sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

29 dezembro 2011 - Procuro-te...

Procuro-te desesperadamente, procurando encontrar-te no exato local em que te deixei, no exato momento em que te deixei.Foi há já bastante tempo (há demasiado tempo?)

Pensei que fosse fácil. Pensei que te pudesse deixar e recuperar-te a qualquer momento. Voltei atrás uma (enorme) série de vezes, sempre sem sucesso. Podias ter partido, momentaneamente, por um curto período de tempo. E voltei. Fui voltando. Em alguns momentos julguei (julgo) ter-te perdido para sempre. Procurei-te por entre semelhantes: procurei-te em registos do passado, em tempos idos, quando tudo contigo era tão fácil e tão natural que tudo o resto parecia acessório. Procurei-te realmente. Sem sucesso. Procurei-te por entre semelhantes, em páginas e páginas de semelhantes, das quais muitas vezes partimos juntos. Mas não te encontrei. Repeti a pesquisa. Em momentos de aflição (essencialmente, em que sempre estiveste comigo) mas também nos outros (poucos - consequência apenas da forma como vejo as coisas, não da realidade vivida).

Procuro-te com necessidade, uma necessidade do teu abraço nunca visível mas tão saboroso e protetor. Procuro-te para me esconder em ti e contigo. Porque contigo tudo é fácil, bem mais fácil. Procuro-te para vivermos juntos o resto da vida. Eu sei, abandonei-te. Abandonei-te há já 6 anos. Talvez em parte te tenha deitado ao mar naquele pote pesado e quente, no final daquele verão a partir do qual tanto (tudo?) mudou na minha vida. Talvez tenha tentado comandar-te demais, orientar-te demasiado, decidido que tinhas de te apaixonar como eu me apaixonei. Talvez tenha sido isso. Talvez quisesses que continuasse livre, quando o que te comandava era a minha cabeça e não apenas e somente o meu coração.

Mas hoje, sentada "à chinês" (como nos bons velhos tempos), empunhando esta lapiseira preta e escrevendo-te neste caderno preto de capa dura e linhas de espaçamento bem pequeno, sinto-te já mais perto. E sei que estaremos juntos para o que der e vier. Apenas uma folha e qualquer coisa que escreva. Não é "um amor e uma cabana" mas quase. E é tão bom.