sexta-feira, 1 de maio de 2015

1 de maio de 2015

Estou triste. Triste e desiludida. Desiludida comigo, contigo, connosco. Triste e desiludida pelas pequenas coisas, por perceber que afinal somos iguais, que afinal também nós caímos nisto de ligar demasiado às pequenas coisas, aos tons de voz, ao que o outro não disse e devia ter dito e, especialmente, ao que o outro disse demais.
Estou triste e desiludida por perceber que as vozes se levantam, por perceber que sinto uma força a subir por aqui acima e que, depois disso, já não a consigo domar. Estou desiludida e em luta comigo mesma, com esta força súbita e arrebatadora, com esta falta de controlo, com este querer virar costas à primeira dificuldade, com esta saudade - nestes momentos em que me desiludo - dos tempos em que era só eu e me chegava.
Talvez tenha de me render às evidências, de aceitar que nem sempre vai ser o mar de rosas - e de calma, paciência e compreensão - que era ao início.
Mas estou triste. Triste e desiludida. Desiludida porque ao confrontar as minhas expectativas com a realidade percebo que estas eram demasiado altas, demasiado boas, demasiado ambiciosas. Demasiado.
Estou triste. Triste porque os dias bons correm depressa demais e os outros, quando maus, se arrastam no tempo, prolongando tristezas, pesando cá dentro, arrancando palavras que não deviam ser ditas, questões que não deviam ser colocadas. Estou desiludida com a minha (in)capacidade para parar, respirar, acalmar, para me ver de fora, para ouvir o tom com que falo, para conter a ironia e o sarcasmo, para ceder à vontade alheia. Estou triste com as lágrimas que me escorregam pelo rosto e com a contagem que vou fazendo - ainda que a lista seja curta.