segunda-feira, 14 de julho de 2014

14 de julho de 2014

Palavras para quê? *
Vou escrever para dizer que a vida (agora) corre bem? Que cada dia é mais feliz do que o anterior? Vou escrever para pisar – ainda que sem querer – na ferida alheia, para que alguém sinta que a sua vida é mais miserável, mais sem jeito?
Posso escrever para fazer acreditar: acreditar que [continue lendo aqui ]
*Texto publicado na íntegra no Brasil, no Blog A Vida em Posts

terça-feira, 1 de julho de 2014

1 de julho de 2014

A vida dela está prestes a mudar. Ela sabe.
Daqui a uns dias - poucos - o namorado irá pedi-la em casamento. Desta vez ela não imaginou: ele disse-lhe, pensando que ela já percebera.
Andam nisto há já umas semanas, desde o dia em que ele lhe pediu que reservasse uma data. Ela achou que iriam de fim-de-semana, ele disse-lhe que seria desta.
Na prática, a vida pouco mudará. Continuarão a partilhar o mesmo espaço, os mesmos tempos. Terão planos em mãos, planos quentinhos e a precisar de definição rápida - mas pouco ou nada se alterará.
Ela anda a conter a ansiedade para que as suas mãos não abram e fechem gavetas, para que os seus olhos não vejam o que ela finge ainda não querer ver. Ele anda atarefado com os planos, a escrever notas em blocos pela casa - dos quais logo tira as folhas escritas - ou no telemóvel. Ela está feliz e ele, apesar de preocupado, não está menos. Ela tem um sorriso (daqueles a que costuma chamar "idiota") e parece que agora o coração ainda lhes bate mais depressa no peito. Ela quer dizer a toda a gente mas quer, ao mesmo tempo, conservar a boa nova só para si. Terá até já definido a lista ordenada para divulgação mas está em alguns casos indecisa - família ou amigos?
No outro dia, para não perder tempo, enviou uma mensagem a uma organizadora de eventos, explicando sucintamente o que esperam do grande dia. Recebeu em resposta os parabéns pelo noivado e a proposta de uma reunião. Parabéns pelo noivado? pensou. Nunca ninguém lhe tinha dado os parabéns pelo noivado.
E assim o tempo se vai passando, um dia após o outro. A contagem decrescente, arrastando-se, a deixá-la cada vez mais ansiosa.