sexta-feira, 26 de outubro de 2012

25 de outubro de 2012

Não procura mais em redor mas sim em si mesma.
Conjetura, constrói em jogos mentais, em puzzles do passado e do presente os elementos necessários à narrativa seguinte. Escolhe o início com requintes dignos das estórias de encantar, localiza a narrativa num tempo que é agora, num lugar que é este e procura enchê-la, preenchê-la, selecionar personagens à altura com atores que consigam passar o primeiro casting e se saibam sempre assumir como os melhores para o elenco.
Imagina peripécias, problemas e soluções. Fantasia verdadeiros contos de fadas - em que de vez em quando possa aparecer uma bruxa (que muito se pareça com ela mesma). Constrói toda uma narrativa, consegue elaborá-la capítulo atrás de capítulo numa catadupa de ideias sonhadas, desejadas, mas é isso. É apenas isso. Não passa disso. Quando pousa a lapiseira e fecha o caderno preto de linhas apertadas e o olhar se levanta para o mundo real por vezes o choque é grande, magoa até, fá-la gritar lá para dentro uma série de impropérios em tom crítico e de desdém para consigo mesma, tão capaz de idealizar e tão incapaz de viver.

domingo, 21 de outubro de 2012

17 de outubro de 2012


Não me quero nunca esquecer de onde estive, de como era viver naquele 2 cinzento sob o qual me arrastava pela vida e deixava que ela se arrastasse, arrastando-me com ela pelo futuro afora. Não me quero nunca esquecer porque essa é a única garantia de que me vou para sempre recordar do que custou chegar aqui, de como o que tenho agora é infinitamente melhor do que o que alguma vez tive.
O que tenho agora, o que sou, não é perfeito, nunca o será, mas isso é, por si só, muito bom. Não ser perfeito, não o ver como tal, é uma oportunidade para continuar a procurar, a procurar-me, sem me conformar, sem me contentar com o que tenho. Porque há mais, tem de haver mais, e a vida é isso também: a procura incessante de algo melhor, algo melhor que se constrói a partir de pequenas coisas, de peças, também humanas, que conjugamos de forma harmoniosa, girando à nossa volta, girando sobre nós mesmos, gerando sorrisos e afetos.
Mais, sempre mais. Não um 2, nunca mais um 2, mas sempre a caminho do 10.