terça-feira, 16 de abril de 2013

16 de abril de 2013

Sabe-te a pouco e o que te dão não chega para que te baste.
Dás. Dás muito. Dás mais um bocadinho. Dás sem fim. Mas aí dentro, aí num cantinho recondido, talvez dês para que deem, talvez dês para receberes - um bocadinho, só um bocadinho, que um bocadinho basta.
Mas o que te dão não chega para te aliviar o peso que trazes em ti. O que te dão não aconchega, não cria um encosto confortável em que apeteça ficar. 
Aperta-se o nó. O nó que te estanca as entranhas, que te estanca o sangue no interior. Aperta-se em vez de se aliviar um pouco. Adensa-se pela tensão do interior. Mas às vezes, em momentos mais frios do dia, a tensão é tão grande que o nó, as pontas do nó, se mexem ligeiramente, ameaçando soltar-se, cedendo à pressão. E, nesses momentos, há pequenas gotas que se soltam. Uma atrás da outra - assim, devagarinho. Inspiras e expiras com vontade. Inspiras e expiras com vontade - e talvez com a esperança de que ao encheres-te de ar aumentes a pressão e o nó não aguente. Talvez precises que se solte, que se desfaça. Talvez assim se alivie o peso que trazes em ti. Já que o que te dão não chega para que te baste.

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