Que fosse a
primeira. Ao tropeçar em pedaços do passado alheio, apercebo-me do quanto
gostaria de ser a primeira.
Os sorrisos, as quase
lágrimas de felicidade, os apertos sucessivos. Por vezes queria que nunca
tivessem existido, que os partilhássemos, nós, pela primeira vez. Que todos os
planos feitos a dois fossem inéditos, que os nossos olhos nunca antes tivessem pousado
lá mais à frente, que os espaços que agora partilhamos nunca antes tivessem
sido ocupados.
E, no entanto, o passado
está em nós. Há um rasto que nos segue. Há rostos. Amores e desamores. Dores
imensas a encerrarem momentos felizes - aqueles, que julgáramos serem para
sempre.
E hoje, quando nos
olhamos olhos nos olhos e fazemos planos para o futuro, por vezes questiono-me:
- Será realmente
diferente?
ou
- Por que será diferente
desta vez?
Se nada tivesse falhado
antes seria fácil não questionar. Assim, fica mais difícil.
Ainda que a resposta
esteja em mim, ainda que saiba o que é diferente, há bocadinhos de mim que por
vezes questionam
- Não foi sempre
diferente?
Então prefiro não olhar
para trás. Não tropeçar em passado algum. Quase fingir que ele nunca existiu.
(Ainda que a sua existência por vezes me arranhe, me crie um nó no estômago e
uma vontade grande de fugir para onde não me possa nunca magoar).
Então quase que agradeço
que o passado que por vezes se atravessa no nosso caminho sem ser
convidado seja o meu - porque se fosse outro talvez eu não o soubesse gerir.
Gosto demasiado do lugar que ocupo - prefiro pensar que sempre foi meu.
...será sempre teu!!
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