quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

14 de fevereiro de 2018

Tenho sorte. Tenho muita sorte.
Leste-me com olhos de quem quer ver e fizeste com que me soubesse querida. Avançaste comigo a cada passo, planeando e executando, de pés bem assentes na terra. O casamento, a lua de mel, as obras. Todos os projetos partilhados.
Não me falhaste um único dia nos meses difíceis de espera e enquanto eu me focava no meu problema tu dizias - e sentias - que o problema não era meu mas nosso. Quando entrava na sala de espera - que é mais concorrida do que eu pensara - nunca o fazia sozinha e partilhámos os minutos, dias, semanas e meses de espera. Quando eu tinha medo que a minha antimulleriana baixa fosse baixa o suficiente para me limitar ficaste ao meu lado e acreditaste. Acreditaste por ti e, acreditaste também, por mim. 
Tirámos fotos equipados para o bloco, acreditando que aquele dia mudaria a nossa vida. Quando ouvimos
- Aqui vão os nossos heróis. Boa sorte!
(nunca hei de esquecer estas palavras)
os nossos corações bateram juntos e emocionámo-nos ambos. Não os víamos mas acreditávamos - ainda que em versões diferentes. Tu esperaste cheio de esperança - ou de fé - e a minha foi-se desvanecendo pelo caminho.
Quando entrámos no consultório a falar sobre a minha constipação já quase nos esqueceramos do que nos tinha levado até ali e, por isso, fomos surpreendidos com os
- Parabéns!
da médica sorridente que fará sempre parte do nosso percurso.
Não me falhaste num único dia de consulta ou ecografias.
No dia em que recebi o primeiro presente com o nome dele apanhámos o susto de uma vida e eu acreditei, mesmo, que o ia perder. Tu não mantiveste a calma - ou teria pensado que não eras uma pessoa de verdade - mas acreditaste, tranquilizaste-me e acompanhaste-me. Sempre.
Foste braço direito e esquerdo em simultâneo, não poupaste esforços, foste incansável. Mas foste, acima de tudo isso, sensível. Sensível ao meu cansaço, à minha preocupação, à minha necessidade de confirmação, ao meu isolamento forçado de 8 dias. E nunca, nunca me falhaste.
Tenho sorte, muita sorte. Nunca, nem nos dias mais difíceis, me deixaste sozinha. E ter-te foi sair-me a sorte grande. Temos muito que celebrar.

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