terça-feira, 12 de novembro de 2024

12 de novembro de 2024

Um dia, numa sessão de terapia, falávamos do quão disruptivo o ruído é para mim, de como a minha ansiedade escala quando há demasiados estímulos em meu redor - especialmente os sonoros. Descobri, nesse dia, que colocar as mãos em concha sobre os ouvidos me consegue devolver alguma calma. 

Há um ano ou dois, já depois dessa sessão, comprei uns tampões para os ouvidos. Pensei, até, que estaria a exagerar mas pouco tempo depois, numa viagem de trabalho, percebi que não era a única a usá-los, que havia até quem tivesse mais do que um modelo.

Uso-os em almoços ruidosos, centros comerciais ou em salas partilhadas quando qualquer som me faz perder o foco. Uso-os em ambientes em que a minha respiração acelera, o ar não me desce do peito e a minha ansiedade dispara. Coloco-os e a sensação é a de vir à tona depois de ter sustido a respiração por demasiado tempo.


Ter os tampões nos ouvidos consegue (quase) reproduzir a sensação de quando flutuo de ouvidos submersos e oiço a minha própria respiração - e nada mais. 

Imagino-me muitas vezes a entrar no mar gelado, a sentir aquele choque térmico, a ter de controlar a respiração e a deixar que o frio me desligue as ideias, me bloqueie os sentidos e seja só eu e o mar. Eu, os meus ouvidos submersos e a minha respiração a fazer-se ouvir. Desligar.

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