terça-feira, 16 de julho de 2024

16 de julho de 2024

Hoje o meu filho faz 6 anos - e eu nem sei bem como chegámos até aqui.

Há pouco uma amiga perguntava “como 6 anos?!” e eu respondi exatamente o que sinto: “também estou para perceber”.

(quase) todos os clichês acerca de ver crescer um filho correspondem à verdade, começando por aquele que nos dizem quando estamos de cabelo sujo e banho por tomar, de maminhas de fora e a fechar um olho de cada vez: “aproveita, passa depressa”. E passa. Passa muito depressa. 

Passa tão depressa que olhando para trás não tenho bem a certeza de ter estado inteiramente presente por algum tempo. Talvez não tenha estado, realmente, enquanto lutava contra este lugar de mãe, enquanto me procurava sem perceber que a versão anterior não existia mais.

Foram precisos anos e várias sessões de terapia - há que dizê-lo - para que eu me encontrasse no presente e parasse de procurar a Joana que ficou antes de 2018 - e que não mais voltará.

São dores de crescimento para que não nos preparam - ou pelo menos a mim ninguém me preparou. Hoje, faço questão de não deixar por dizer às minhas amigas que não são mães, faço questão de as preparar para o pior - esperando, sempre, que a sua experiência seja melhor do que a minha.

Ser mãe não é uma capacidade inata - pelo menos não para todas, não para mim. Não falo já de engravidar - embora pudesse dizer exatamente o mesmo a esse respeito. Falo de ser mãe, cuidadora, do ato de maternar. Ser mãe não só não é uma capacidade inata como, acredito também, não é para todas.

Talvez alguns de cansem de me ouvir dizer isto - ainda que eu não me canse de o dizer - que não fui feita para isto. A maternidade não me encaixa. E isso não quer dizer que eu não seja boa neste papel, que não o desempenhe com qualidade. Sei que o faço. Sei, também, que me sai do pelo, das entranhas, que me esforço muito, sem descanso. Sei que nunca me ouvirão dizer que ser mãe é o melhor do mundo - ainda que, claro, me dê muito de bom.

Ver crescer alguém e dar-lhe a mão é, muitas vezes, bater de frente com aquele que foi o nosso crescimento, as nossas experiências, a nossa educação. Ajudar um filho a superar inseguranças quando sou, eu própria, um poço delas é pisar muitas vezes em falso, é ter de ir pé ante pé em muitas situações. É saber que alguém conta connosco - para sempre - e que não podemos (ou gostaríamos de evitar) falhar.

Ser mãe é um exercício constante de superação - mais calma, mais paciência, mais empatia, mais compreensão, mais humor, mais rigor. É uma tentativa, constante, de fazer melhor do que fizeram connosco. E questionar, sempre, tantas vezes. É aprender que o importante é dar o meu melhor - e que esse varia de dia para dia - é tentar de novo quando for preciso, é pedir desculpa quando erro. 

Hoje o meu filho faz 6 anos. Está mais seguro, mais confiante. Quer ler, escrever e fazer contas. Adora futebol e ténis. Respeita os amigos e é respeitado. 

Às vezes, nos dias difíceis, também me sabe dizer “não gostei da forma como falaste” - e então eu sei que estou a fazer um bom trabalho.

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