domingo, 20 de janeiro de 2013

20 de janeiro de 2013

Está escuro lá fora - é o escuro da noite e o escuro do céu coberto por nuvens escuras.
Avanças pela estrada segurando firmemente o volante, com os ouvidos a sentirem-se agredidos pelo incessante cair da chuva e os olhos a lutarem por ver mais à frente, tentando abstrair-se do vai e vem das escovas do limpa para-brisas constantemente a querer roubar a sua atenção. O esforço de ver mais à frente mantem-nos abertos por demasiado tempo - tanto que a lágrima se torna insuficiente e também as lentes decidem agredir-te os sentidos.
Avanças pela estrada a lutar com a noite, com a chuva, com os sentidos demasiadamente sensíveis, acossados com tantos estímulos. Queres puxar de um cigarro, inspirar com vontade e expirar com força para afastares a nuvem maior pousada no orgão acima da cabeça - aquele com ligação direta ao outro, com o que te fica no peito, no exato sítio em que o cinto o atravessa.
Avanças pela estrada a lutar com o que te ataca do exterior - e com o resto, com que te atacas a ti própria.
Eventualmente chegarás ao destino intacta - pelo menos no que é visível aos olhos dos outros - e amanhã, quando o dia nascer, o sol vai inundar o espaço circundante, mas só esse. Aí, no orgão acima do pescoço, continuará a ser travada uma verdadeira batalha - mais uma, de uma guerra que parece não ter fim.

Sem comentários:

Enviar um comentário