Não procura mais em redor mas sim em si mesma.
Conjetura, constrói em jogos mentais, em puzzles do passado e do presente os elementos necessários à narrativa seguinte. Escolhe o início com requintes dignos das estórias de encantar, localiza a narrativa num tempo que é agora, num lugar que é este e procura enchê-la, preenchê-la, selecionar personagens à altura com atores que consigam passar o primeiro casting e se saibam sempre assumir como os melhores para o elenco.
Imagina peripécias, problemas e soluções. Fantasia verdadeiros contos de fadas - em que de vez em quando possa aparecer uma bruxa (que muito se pareça com ela mesma). Constrói toda uma narrativa, consegue elaborá-la capítulo atrás de capítulo numa catadupa de ideias sonhadas, desejadas, mas é isso. É apenas isso. Não passa disso. Quando pousa a lapiseira e fecha o caderno preto de linhas apertadas e o olhar se levanta para o mundo real por vezes o choque é grande, magoa até, fá-la gritar lá para dentro uma série de impropérios em tom crítico e de desdém para consigo mesma, tão capaz de idealizar e tão incapaz de viver.
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