Para e escuta. Escuta que ela hoje tem muito para te dizer.
Aqui, onde se une ao rio aos teus pés, onde o som te embala, para e escuta este som que vai e que vem, para te dizer que tudo é assim: tudo vai, tudo vem, tudo volta a ir. Às vezes é preciso parar para ver, para observar com atenção esse movimento incessante.
E o que vês só pode ser visto à sua luz. Esta luz que é dela e que não há igual em parte alguma. Esta é a luz que te dá, que partilha contigo sem contrapartidas. A luz que reflete na pedra do chão e que de novo vem até ti. A luz que recebes em duplicado. Recebe-a bem, guarda-a bem, conserva-a em ti. Mais logo, quando descer sobre a água lá mais ao fundo, quando a luz se for aqui, terás sempre mais em ti - um brilho quente a aquecer-te, a iluminar-te até que amanhã a luz se voltará a erguer, a brilhar aqui, a refletir aqui, a incidir duplamente em ti. Esta luz que te chega pelo olhar, que te aquece a pele, que te ilumina por dentro para te dizer que tudo é assim: a luz vem, a luz vai, a luz volta.
Que lições te dá pelos sentidos, que lições te traz quando tu queres ver, quando queres ouvir, quando deixas que chegue até ti.
E lá em baixo, lá mais abaixo, o rio continua a tocar-lhe devagarinho, embalando-a e embalando-te suavemente, cheio de um carinho que parece não ter fim.
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