sábado, 25 de julho de 2015

25 de julho 2015

Eu podia falar sobre tudo. Sobre os prazos, a correria. As flores. As flores. As flores. Sobre o nervosinho miudinho bom - e sobre o outro, que por vezes ameaçou fazer de mim alguém diferente.
Podia falar sobre a facilidade com que escolhemos o espaço - à primeira - e logo depois a igreja - a mais próxima. Podia falar sobre a escolha dos convites, contar toda a história dos bilhetes na nossa relação, explicar que o primeiro me foi entregue no primeiro dia das nossas vidas enquanto casal e que depois desse muitos vieram. Podia explicar que ao estender os bilhetes aos que nos são próximos os estamos a envolver na nossa viagem. Podia descrever todo o processo de elaboração dos convites, da paciência de santo do meu amigo (quase) de sempre e acrescentar que a seguir aos convites vieram vários outros pedidos a que ele acedeu.
Podia falar sobre o vestido, sobre a ideia já muito fixa que tinha. Podia explicar que não o encontrei em loja nenhuma, que por isso o mandei fazer - e que nesse processo houve dias felizes e outros nem tanto - e que ficou exatamente como eu queria. Podia falar sobre os saltos que eu não queria levar, sobre as meias que eu queria que não fossem precisas, sobre o facto de quase me ter esquecido de comprar a lingerie e de essa ter sido uma das últimas aquisições, já a menos de uma semana do casamento - e podia dizer que houve até quem tivesse sugerido que simplesmente não levasse.
Podia falar de todas as pessoas que fizeram parte deste processo, enumerar as inúmeras provas da paciência do meu quase, quase marido. Da mãe hiperativa. Das irmãs. Do cunhado. Da madrinha. Das amigas. Das colegas. Podia falar do entusiasmo dos meus alunos por estarem presentes na cerimónia e até dos textos que um ou outro escreveram sobre o tema, com títulos como "Como será o vestido de noiva da minha professora?". Podia dizer que suspeito que andaram a tramar alguma e que as reuniões de pais do terceiro período serviram essencialmente para falar sobre o casamento - e de outras questões menores.
Podia dizer que estou emocionada, que por vezes vou no carro e as lágrimas me vêm aos olhos - mas lágrimas das boas, lágrimas por saber que estarei rodeada por pessoas de quem gosto muito e que desta vez será por um bom motivo. "Só nos vemos em casamentos e funerais". Hoje será por um motivo feliz. Hoje vai ser uma festa. Hoje é o meu casamento. E eu choro. De emoção. De alegria.
Mas. Porque há um mas. Porque em momentos felizes como este haverá sempre um mas. Estou feliz, emocionada, sinto-me acarinhada MAS. Porque em dias felizes como este a tua presença faz-me tanta falta. E a tua. Porque já passou tanto tempo - e tanto há ainda por passar - e me faz falta o abraço, o orgulho, o carinho. Porque me faz falta a emoção, o entusiasmo. Porque me faz falta a presença física, ainda que te traga sempre comigo. E a ti. Procurar-vos-ei nos olhos de todos, de cada um. Nas palavras, nos abraços, no carinho. E em mim.

3 comentários:

  1. Beautifully written Joana. Thank you for writing and sharing. Muitos beijinhos e muito felicidade sabendo que eles nao estao aqui fisicamente mas sempre nas nossas almas e corações.

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