terça-feira, 11 de junho de 2013

11 de junho de 2013

Ondas. Como ondas dentro de ti. Ondas que podem demorar a vir. Ondas que podem demorar a ir. Mas ondas - que vão e que vêm a um ritmo próprio.
Devagarinho, em cada parte de ti, sentes que se está a afastar. A começar do centro. Vai-se afastando devagarinho, escorrendo a partir do centro para as extremidades, percorrendo-te os membros, afastando-se de cada vez que inspiras. De cada vez que expiras - como se assim a empurrasses para longe. 
E de repente, quando menos esperas, surpreende-te um novo embate. 
Viraste-lhe as costas. Não te protegeste o suficiente. E as ondas vão. Mas as ondas também voltam.
Falta-te o ar enquanto a sentes em ti. À volta. Por dentro. Às voltas. O corpo a contorcer-se. Os pés a procurarem o chão para te impulsionarem para cima, em direção à superfície. As mãos a tatearem em redor procurando algo a que se agarrarem - algo a que te agarrares. 
Mas falta-te o chão. Falta-te o chão e falta-te o ar. Faltam-te as forças. E, devagarinho, os braços que antes se agitavam em redor movem-se com mais calma. Parecem ambientar-se. Ou parecem derrotados. Talvez acabes por inspirar com tudo em teu redor. Talvez inspires o que te rodeia e o ar te continue a faltar. 
As ondas vão. As ondas voltam. Sustem a respiração por mais um bocadinho. Liberta o ar devagarinho - e a medo. Vai libertando o ar. Uma bolha. Outra bolha. 
O que vem também vai. Aguarda pelo momento certo. Aguarda pelo momento certo e quando chegar não o percas. Calca com força o chão a teus pés, impulsiona o corpo, emerge. E não deixes que a próxima onda te volte a surpreender.


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