terça-feira, 25 de março de 2014

23 de março de 2014

Que fosse a primeira. Ao tropeçar em pedaços do passado alheio, apercebo-me do quanto gostaria de ser a primeira. 
Os sorrisos, as quase lágrimas de felicidade, os apertos sucessivos. Por vezes queria que nunca tivessem existido, que os partilhássemos, nós, pela primeira vez. Que todos os planos feitos a dois fossem inéditos, que os nossos olhos nunca antes tivessem pousado lá mais à frente, que os espaços que agora partilhamos nunca antes tivessem sido ocupados.
E, no entanto, o passado está em nós. Há um rasto que nos segue. Há rostos. Amores e desamores. Dores imensas a encerrarem momentos felizes - aqueles, que julgáramos serem para sempre.
E hoje, quando nos olhamos olhos nos olhos e fazemos planos para o futuro, por vezes questiono-me:
- Será realmente diferente?
ou
- Por que será diferente desta vez?
Se nada tivesse falhado antes seria fácil não questionar. Assim, fica mais difícil.
Ainda que a resposta esteja em mim, ainda que saiba o que é diferente, há bocadinhos de mim que por vezes questionam
- Não foi sempre diferente?
Então prefiro não olhar para trás. Não tropeçar em passado algum. Quase fingir que ele nunca existiu. (Ainda que a sua existência por vezes me arranhe, me crie um nó no estômago e uma vontade grande de fugir para onde não me possa nunca magoar).

Então quase que agradeço que o passado que por vezes se atravessa no nosso caminho sem ser convidado seja o meu - porque se fosse outro talvez eu não o soubesse gerir. Gosto demasiado do lugar que ocupo - prefiro pensar que sempre foi meu.

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