quarta-feira, 9 de setembro de 2015

9 de setembro de 2015

Estou sentada a esta mesa mais uma vez, como em muitos finais de tarde pós trabalho. Sento-me aqui, instalo-me. Ocupo a mesa com o mocca branco com extra chocolate branco no interior - que coloca os meus níveis de açúcar nos píncaros - o iPhone, o iPad, um livro. Às vezes também com o caderno vermelho e o lápis que trago da minha sala de aula.
Ontem, a propósito d'O Principezinho que comecei a ler com os meus alunos, um dizia que tem de explicar sempre aos adultos porque mexe no iPad e vê TV ao mesmo tempo, porque joga PS3 (ou 4) e tem o iPad num qualquer jogo. E eu percebi que sou igual. Mas não o explico a ninguém.
Estou aqui sentada. Deixo-me estar. Ouço a música que me faz sorrir. Consulto o shazam. Confirmo suspeitas.
E decido ler-me. Ler-me lá longe, no Brasil, quando escrevia semanalmente para o Blog Priscila Nicolielo. Vou lendo texto após texto. E mordo o lábio, mantenho os olhos muito abertos, procuro não pestanejar. Porque às vezes, quando me leio, sou surpreendida pelo que sou enquanto escrevo, sou surpreendida pela forma como as palavras se ligam umas às outras e me fazem voltar atrás tanto tempo depois, como consigo ainda visualizar o exato local onde escrevi - muitos deles aqui, neste mesmo espaço - escutar as bandas sonoras, perceber a cadência com que escrevi, li e reli. Mantenho os olhos muito abertos procurando segurar as lágrimas. Porque me emociono, porque apesar deste ar de durona sou um coração mole, porque me emociono com notícias felizes e com notícias tristes, porque me deixo abalar, porque gosto um bocadinho de sentir que tremo. Porque às vezes, quando me leio no passado, não me reconheço. Não me reconheço mas encho-me de orgulho e penso
eu escrevi isto?
um
eu escrevi isto?
que deve soar como um
uau
Não me reconheço mas identifico-me com quem escreve. Imagino-me a chorar as mesmas lágrimas, a sofrer as mesmas dores, a descobrir a mesma vida feliz, a aprender a sorrir. Não me reconheço mas admiro a miúda que escreveu todas as palavras. E, sim, em alguns dias eu consigo ser essa pessoa. Espetacular.

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