Quantas das tuas palavras são silêncios demorados em que ninguém parece reparar?
Os olhos expressivos que procuram substituir a voz. A lapiseira na ponta dos dedos a prolongar o silêncio sonoro. Os dias que se arrastam sem que uma palavra seja trocada.
Eu reparo. Eu reparo no silêncio, em cada um deles. Eu reparo nos silêncios e procuro dar-lhes voz. Analiso cada um deles à luz da história que é a tua. Por cada silêncio teu eu crio uma palavra.
E vou somando palavras. Um conjunto infinito delas. Uma sequência sem critério. Ligam-se pouco umas às outras, apenas aqui e ali. E formam uma sequência aleatória que nos atira para a frente e para trás, opondo-se muitas vezes umas às outras e seguindo numa ordem desordenada que se traduz em silêncios demorados e sem nexo, capazes de nos afastarem da origem.
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