quinta-feira, 17 de outubro de 2013

17 de outubro de 2013

Por vezes sentes-te destinada ao fracasso. Talvez pelo hábito de algumas coisas na tua vida fracassarem realmente - com frequência.
Habituas-te a este sobe  e desce - que sentes sempre não subir o suficiente para compensar a descida. Habituaste-te a que a uma subida, por mais pequena que seja, se segue sempre uma descida. Habituaste-te tanto que já a esperas. Mais: muitas vezes não só a esperas como até a antecipas.
Antecipas as descidas com pensamentos e atos de autossabotagem. Como se, sabotando-te a ti própria, não permitisses que a vida o fizesse por ti. Então és tu que o fazes por ela, esperando que assim te doa menos - que a surpresa também dói.
Encontras-te entre sorrisos. A vida corre calma, com o constante ir e vir das coisas que se querem assim. Dormes menos para viveres mais, para aproveitares melhor. E, de repente, de um momento - tão pequeno - para o outro - logo ali ao lado - quando os teus olhos se reabrem após um ligeiro pestanejar, apercebes-te de que o que tens é bom demais. Não sabes o que fazer. Não sabes o que dizer e, no entanto, a tua boca quer abrir e fechar-se sem parar, como se houvesse demasiado conteúdo acumulado no peito. Os teus olhos querem ver mais, acumular mais, mas o medo cresce em ti. Se estás a subir em breve estarás a descer. Se é para descer talvez te devas colocar já a caminho.
Na verdade, agora que aqui estás perdeste a certeza de querer ficar. Talvez não sejas capaz - o que se faz quando tudo corre bem? Talvez não mereças tudo isto - talvez as descidas sejam apenas a vida a lembrar-te que assim é. Ou talvez estejas apenas assustada - e por isso queiras fugir.
Fá-lo, se achares que deves, mas não o faças para sempre. Em alguma altura terás de perceber que a autossabotagem é que te leva ao fracasso.

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