terça-feira, 8 de outubro de 2013

8 de outubro de 2013

Promete-me que vais ter cuidado. Com a saúde não se brinca. Por isso, promete-me que vais cuidar de ti.
Há quem viva com a constante sensação de "corda na garganta", sempre à espera do fim. Não à espera, com medo. E não com medo do fim: antes com medo de tudo o que há antes do fim. E há quem, como tu, finja não ver o que está bem à sua frente. O 80 e o 8, sempre tão distantes. Promete-me que vais encontrar o equilíbrio, que não vais andar de extremo em extremo, que vais estar atenta aos sinais e que, deparando-te com algum, não o vais ignorar.
Histórias destas há muitas. Toda a gente conhece alguém que as viveu. Toda a gente conhece uma ou várias pessoas que as protagonizaram e outras, que as viveram em papéis mais secundários. Eu sei que isso te assusta e que por isso finges não ver. Sei que perante histórias destas, mais ou menos próximas, pessoas em muito semelhantes adotam atitudes díspares. Mas, por favor, não as ignores. 
Não te quero sentada em salas de espera de paredes brancas de quinze em quinze dias, nem mesmo de mês a mês. Mas promete-me que ao menos os teus dedos te vão percorrer o corpo, pedacinho a pedacinho, procurando (não encontrar) sinais de preocupação. E, bem, lembra-te que as cadeiras das salas de espera existem para serem ocupadas, não apenas para preencherem o espaço vazio.
Nesse país onde vives os exames médicos, os exames complementares, foram muitas vezes realizados em excesso. Médicos houve que foram acusados de excesso de zelo. Agora, agora que os cofres estão (mais) vazios, alguns destes exames estão a ser racionados. Mas tu sempre foste boa a reclamar. Então reclama, exige o que é teu por direito. E se há sinais, então faz com que os explorem. Não permitas que as pistas sejam ignoradas por questões orçamentais.
Promete-me que vais ter cuidado. Mas promete-me que o teu cuidado não vai ser tido com dores de estômago e cigarros fumados um atrás do outro. Tem um cuidado preventivo. Um cuidado (quase) despreocupado. Promete-me que o teu cuidado vai ser rotineiro. E se tiveres de te sentar em salas de espera de paredes brancas, daquelas que trazem ao presente os fantasmas do passado, fá-lo a recordar todas as histórias de final feliz. Não o faças a lamentar a minha.
Do que tenho observado, é o cuidado que marca muitas vezes a diferença. Por isso vive num 36, que do 8 e do 80 não reza a história. E lembra-te também de que as grandes batalhas só são travadas por grandes soldados. Não te esqueças do quão combativa consegues ser.

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